quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(In)Tensa


Chamou-me para dançar
Aceitei seu convite
Começou singela
Conduziu-me sutil e lentamente
Nem percebia seu agir
Tão ínfima e inocente ela era
Aos poucos os passos se apressaram
A música tornou-se mais intensa
Comecei a perder o compasso
O que estava acontecendo?
A dança já não acompanhava o som
E eu já não a soltava
Ela abraçou-me, segurou-me
Apertou-me contra si
Parei de dançar
Ela assumiu o controle total
Passos frenéticos, desenfreados
A temperatura subiu
E eu só sentia frio
Queimando como uma chama
Lançou-me no leito
Embriagou-me
Como se já não existisse vida fora dali
Eu perdi minhas forças
Tentei lutar, mas ela me atou
Os dias eram frios
Ela sugou-lhes todo o calor só pra ela
E eu tremia
Dias na cama
E ela se vangloriava
Ria-se, dominava-me
Assim foi até cansar
Fadigou-se e foi embora
Eu, porém, continuei ali
Ela se foi, mas deixou suas marcas
Perguntei ao tempo até quando elas permaneceriam
Dono de si mesmo, não me respondeu
E eu aqui, tentando esquecê-la
Em um bilhete ela me escreveu:
“Uma única vez me basta
nunca mais nos veremos”
Nunca mais!

Daniel Cobian
08/10/10
Após nove dias de catapora.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Cara a catapora te fez bem,rsrsrsrs. Brincadeira! O poema é perfeito muito bom me lembra muito Pablo Neruda, intenso,mas de ritmo suave e constante. Ah, se publicar um livro, eu não compro leio o que vc der de presente pra Lucas.

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