terça-feira, 23 de julho de 2013

QUERO NÃO QUERER


Quero que me procure 
Quero que se importe 
Quero que me encontre 
Que deseje, que acorde 

Quero que me conte 
Quero que em mim confie 
Quero que de mim espere 
E que em mim se refugie 

Quero que chore em meu ombro 
Que me aperte no abraço 
Quero secar-lhe a lágrima 
E que de mim conheça cada traço 

Quero que esteja perto 
Que o teu sorriso esteja contente 
Quero que o tempo pare 
Quando você estiver presente 

Quero ser o mais chegado 
O primeiro entre os demais 
Aquele que é mais próximo 
Que não te abandona jamais 

Mas não posso querer sozinho 
Aquilo que só vem de você 
Não me aproveita desejar 
Aquilo que você não vê 

Desisto de ansiar 
O que você nem mesmo quer dizer 
Continuo aqui, bem perto 
Mas quero não querer

Daniel Cobian

quinta-feira, 7 de março de 2013

NO FRONTE



Um guerreiro não pode vencer suas batalhas sem antes se preparar. Alguns precisam treinar mais do que os outros. É bem verdade também que muitas são as vezes em que o guerreiro sabe o que deve fazer naquela confronto, mas por motivos que ele nem mesmo sabe explicar tudo dá errado. Nos tempos antigos era uma espadada que se levava, que poderia lhe custar a vida. Na época das Grandes Guerras eram tiros, ou bombas biológicas, que também poderiam ceifar o fôlego de vida daqueles que cometessem mínimos erros. Hoje não. Hoje são batalhas diárias, que começam quando pisamos os pés na rua, prontos pra viver mais um (in)tenso dia de adulto.
                Tragédias, catástrofes, sofrimentos, males e afins são situações que não explicamos, elas não escolhem pessoas ou lugares, simplesmente acontecem. Saímos de casa com a expectativa de viver um bom dia, mas não sabemos de fato se tornaremos ao lar. Choramos, talvez. Outros se calam, se enclausuram. As pessoas têm formas diferentes de lidar com as diferentes situações. Verdadeiramente não é fácil suportar todas as afrontas que recebemos no dia-a-dia, todos os tapas que levamos na cara em momentos que a gente menos esperava, todas as palavras de maldição que pessoas afetadas lançam sobre nossas vidas. Mas não tem jeito, isso é a vida, e ninguém nunca nos enganou dizendo que seria fácil.
 Muitas vezes passei por situações que não compreendi, mas diante delas me vinha à mente tantas outras dificuldades que muitas pessoas passam, dificuldades essas que eu nunca passei, e isso me fazia pensar o quanto eu reclamo da minha vida sem ter na verdade grandes motivos pra isso. Mas até esse meu último pensamento pode ser contestado. Já cheguei ao entendimento que muito do que penso e sinto não tem nada a ver com a minha racionalidade, com a minha consciência. Não me culpo pelo que sinto, afinal, sentimentos ninguém controla. A maior das batalhas, então, torna-se aquela de não se permitir enganar por seus próprios sentimentos e desejos, não deixar que eles te escravizem e te façam acreditar que você é aquela pessoa que seus pensamentos dizem que você é. Ilusão. Mentira. Essa lição eu já aprendi, e hoje sei que minhas emoções, por mais que tentem, não poderão me controlar e determinar o que sou ou o que faço. Tudo isso porque aceitei a minha natureza humana, pecadora e decaída. Respeito essa natureza. Mas não me iludo com ela.
Um guerreiro não pode se deixar abater. Ele foi criado pra enfrentar grandes confrontos, sofrer muitos ferimentos, as vezes até alguns mais graves, profundos, mas acima de tudo o guerreiro foi criado pra viver grandes vitórias em suas batalhas. Obviamente vai chegar a hora de sua morte, mas esse sim, é um fato incontestável. Ele só morre quando de fato chega a sua hora. Mas isso é outra história. Não é porque anoiteceu ou o tempo ficou tão escuro de nuvens carregadas que eu vou deixar de acreditar que o Sol continua a brilhar em algum lugar, e que logo logo ele voltará pra cá. Colecionando derrotas o guerreiro endurece as suas fragilidades e aprende a conter as suas lágrimas, pra soltá-las nos momentos certos. Geralmente, no tempo da derrota, nos tempos mais difíceis de sua vida, o guerreiro está sozinho, e por mais que clame por socorro, por mais que grite por nomes que já lhe estenderam as mãos, não é atendido. Tratamento. Incompreensível tratamento. Mas o abraço tão sonhado surge em algum momento. E dessa forma ele se torna um homem maduro e forte.
Não existe (e nunca existirá) vitória sem lutas. Mas, como disse, o Sol vai continuar brilhando, e em algum momento dará o ar de sua graça. Acima de tudo, de toda tristeza, dor, raiva, ira, inveja, sangue, lágrima, inconformidade, derrota e o que mais vier pela frente, haverá um General. Aquele que sempre comandou e sempre comandará todas as guerras, todas as batalhas, saindo à frente. Sim, o Deus que é a única companhia do guerreiro que luta e chora na solidão, mas que, mesmo esquecendo disso, não está sozinho de fato. E quem for crédulo o suficiente sempre saberá que o Sol vai lançar seus raios de luz outra vez. A vida continua.

Daniel Cobian
07/03/2013
Após mais uma batalha.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

NEM SEMPRE HÁ FLORES



Não me peça explicações
Não dependo da razão
Escrevo o que sinto
Escrevo o que penso
Escrevo o que vivo
Também do que não vivo, penso e sinto
Faço minha caneta rolar
Não me prendo nas pautas
Na folha em branco me faço livre
Rabiscando da minha vida ou alheia
Porque os sonhos do poeta
Se fazem num papel
E seu pecado supremo é o silêncio
Não te presto conta
Talvez eu seja mal criado
Quando deixo a caneta solar
Mas sou poeta
Não me peça explicações

Daniel Cobian
23/02/2013

ME CONTENTO


Do esperar pouco se tem...
Se quanto mais desejo de ti
Menos te tenho em mim
De que me adianta ansiar?
Mera tolice
Já me fartei de suas palavras
Mas apenas quando você as quis dizer
Superando seu medo de pecar no que diz
Nunca no meu tempo
Das suas poesias provei
Mas de apenas uma fui digno
E, mesmo assim, algo ainda faltou
Felicito aquele que de você sugou essência
Que a mim não foi dado conhecer
Logo eu, que sempre quis ser o primeiro
De meio século jurado
Alguns anos já morreram
Mas ainda resta um amanhã que não vejo
E já nem fomento esperanças, ilusões
Conheço seus limites
E foi por tentar quebra-los
Que sangrei a minha carne
Ainda estou ao seu lado, prometi
Mas já não cobro, não sofro
Não espero

Daniel Cobian
22/02/2013

________________________________

Sem foto, sem epígrafe, sem dedicatória. Só restam as palavras. Me contento com elas.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A GUERRA QUE SOU




“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.”
Romanos 7:15

No momento em que me vi, desgostei
Em confusões e incertezas habito
Desvanece minha alma em algumas sombras
Sombras que nem sempre são
Não porque elas deixem de existir 
Mas porque morrem esquecidas
Fênix no meu peito
Ao dia sorrio amando
À noite choro detestando
Tudo o que (não) sou
Tudo o que (não) tenho
Maldito sentir
Por que sinto o que não quero?
Inimigo de mim
Sinto minha mente como trincheiras
De uma guerra nada santa
Desejo-te como ferro imantado
Odeio-te como fogo que derrete e congela
Pelo ar que me sustenta, por favor, saia de mim!
Encerre-se a batalha
Voltem os soldados para os seus, aos seus lugares
Me leve daqui
Me liberte de mim

Daniel Cobian
12/02/2013

sábado, 5 de janeiro de 2013

TEMPOS DE PAZ




“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará...”
Lulu Santos

                Um dia desses eu estava reparando algumas mudanças que aconteceram à minha volta, e na mesma hora me veio esse trecho de música em mente, que logo me levou a busca-la no You Tube pra ouvir. Parando pra meditar na letra senti uma ponta de tristeza em meu coração, quando percebi que ela fala de uma grande verdade, que as coisas sempre mudam nessa vida. Que bom que mudam, né? Graças a Deus! Mas eu, sinceramente, gostaria que essa verdade não fosse absoluta pra algumas situações.
                2012 se foi. Acho que nunca desejei tanto que um ano acabasse, que fosse embora de uma vez. Que tudo recomeçasse, mas de um jeito bem diferente. Nunca fui supersticioso, aquela pessoa que faz simpatias e promessas pro ano que começa, sempre achei isso bobeira. Sempre fui muito realista, pensando que, na verdade, não tinha nada de novo, era apenas mais uma noite que se tornava dia, e tudo caminhava normalmente, como se ainda estivéssemos em junho ou setembro. Mas dessa vez foi diferente. Não na parte das promessas e simpatias, porque servos de um Deus vivo, como eu, sinceramente, não precisam dessas coisas, mas naquela história de acreditar que tudo poderia mudar, ainda que sutilmente, paulatinamente.
                Esse ano que passou foi muito atípico pra mim, começando pelo fato de eu ter ido pra um Projeto Missionário em Foz do Iguaçu logo em janeiro, nunca tinha passado um mês inteiro fora de casa, sobretudo sozinho. Depois fiz novos amigos, ganhei discípulos... Mas até aí foram mudanças boas. De Julho em diante foi que a coisa esquentou... Vi minha vida espiritual desandar sem, muitas vezes, entender o porquê. Me desentendi com pessoas que amo muito. Comecei a aprender (na marra) a conviver com pessoas que declaradamente (não com palavras, mas com ações) não gostam de mim, nem mesmo são pacientes. Pessoas egoístas que não fazem a menor questão de serem simpáticas. Fui afastado (temporariamente) de um lugar muito importante pra mim, logo num momento em que pedia ajuda. Me senti humilhado, triste, substituível, mas ainda estou aprendendo desse fato, buscando reter o que me foi bom. Passei a aprender a dividir o que antes era só meu, o que me causou dor (e ainda dói), vendo alguns hábitos mudando sem que eu concorresse pra isso. Correndo por fora, como algo excelente, dei meus primeiros passos em direção à minha Habilitação.
                Chorei muito, dormi muitos dias pra esquecer, acordei muitos dias sem vontade. Me senti, muitas vezes, a pior das pessoas. Mas Deus, de certa forma, já havia me preparado pra isso. Eu só não sabia que seriam tantas, tantas mudanças. Um dia, na faculdade, quando eu estava vestido de advogado, Deus me deu uma palavra. I Reis 2:2 diz: “Coragem, pois, e sê homem”. Naquela hora, olhando pras minhas roupas, olhando ao redor, pela primeira vez me vi não mais como um menino, mas como um homem adulto, que deve enfrentar de cara limpa todas as situações da minha vida. Em meio a tudo o que vivi, tive muitas, muitas incertezas, mas uma verdade continuou absoluta em minha mente: Deus permanecia cuidando de mim, e minha salvação em Cristo Jesus continuava garantida! Amém!
                Quando eu li aquele versículo eu mal podia adivinhar o que me aguardava dali pra frente, e continuo não sabendo o que me aguarda daqui por diante, mas espero por dias melhores. Minha fé no Redentor permanece, e se você ainda não conhece essa fé, te convido a busca-la. Mas anseio por dias de paz, por dias de mais sorrisos e menos tempestades da mente. Desejo mais verões e primaveras nos corações, sobretudo no meu. Na verdade, acho que hoje já estou mais preparado pro que pode me sobrevir. Continuo caminhando. Vem, 2013, vem que eu te quero bem!

Daniel Cobian

05/01/2013