Para além das sufocantes e tênues fronteiras, os pensamentos vão! Ora sinuosos, transbordantes, ora quebradiços, estilhaçados, com destinos certos, traçantes ou ainda indecisos, errantes.
Enredados, tão presos aos fios do tempo, esmeram-se deslizantes em partir assim, calados, companheiros do silêncio. Na inércia dos movimentos, gestos, vão!
Desmedidos... Incessantes...
Em meio ao nada, num súbito, surgem sons, tons, melodias... Tal qual um farol a guiar as naus, um porto seguro a abrigar. Notas envolventes, inebriantes e que acalentam. Fazem brotar um novo fôlego, oxigenam a alma.
Aurora.
Trilha sonora que embala, aguça os sentidos, impulsiona as emoções.
E outros pensares produzidos são... Transfigurados, vão! Derivações de mim, ao compasso da música a soar. Lágrimas de quimera que jorram, sorrisos largos, de alegria, a brilhar. Idéias povoadas de estrelas, cintilam!
Os olhos fitos, aflitos a imagens-retrato capturar.
Na seqüência harmoniosa dos instrumentos, os pensamentos navegam pelas ruas da canção. Piratas destemidos, em incansável busca pelos tesouros perdidos. Tão bem guardados... Ou escondidos? Na verdade, escoltados, pelo coração guardião protegidos!
Metas, anseios, partituras em construção.
Sonhos velados que comigo ficam.
Esperanças pulsantes que contigo vão.
Marcella Cobian
Minha irmã.
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Este texto belíssimo é uma obra prima da minha irmã. Ela não escreve com muita frequencia, mas a frenquencia se faz desnecessária diante da qualidade de seus versos.