segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

TRILHA SONORA


Para além das sufocantes e tênues fronteiras, os pensamentos vão! Ora sinuosos, transbordantes, ora quebradiços, estilhaçados, com destinos certos, traçantes ou ainda indecisos, errantes.
Enredados, tão presos aos fios do tempo, esmeram-se deslizantes em partir assim, calados, companheiros do silêncio. Na inércia dos movimentos, gestos, vão!
 Desmedidos... Incessantes...
Em meio ao nada, num súbito, surgem sons, tons, melodias... Tal qual um farol a guiar as naus, um porto seguro a abrigar. Notas envolventes, inebriantes e que acalentam. Fazem brotar um novo fôlego, oxigenam a alma.
Aurora.
Trilha sonora que embala, aguça os sentidos, impulsiona as emoções.
E outros pensares produzidos são... Transfigurados, vão! Derivações de mim, ao compasso da música a soar. Lágrimas de quimera que jorram, sorrisos largos, de alegria, a brilhar. Idéias povoadas de estrelas, cintilam!
Os olhos fitos, aflitos a imagens-retrato capturar.
Na seqüência harmoniosa dos instrumentos, os pensamentos navegam pelas ruas da canção. Piratas destemidos, em incansável busca pelos tesouros perdidos. Tão bem guardados... Ou escondidos? Na verdade, escoltados, pelo coração guardião protegidos!
Metas, anseios, partituras em construção.
Sonhos velados que comigo ficam.
Esperanças pulsantes que contigo vão.

Marcella Cobian
Minha irmã.

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Este texto belíssimo é uma obra prima da minha irmã. Ela não escreve com muita frequencia, mas a frenquencia se faz desnecessária diante da qualidade de seus versos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nostalgia


“Tem lugares que me lembram minha vida, por onde andei...”

                Um dia desses aí acordei mais velho... É claro que, com 19 anos, não sou nenhum mestre das experiências, que sai por aí contando de sua vida e espalhando sabedoria. Pra dizer a verdade, nem sei o que sou exatamente, rapaz ou homem, adolescente ou adulto. Mas isso nem é lá muito importante.
                Às vezes me pego lembrando de muitas coisas que vivi, e nesses momentos os meus olhos se enchem d’água e minha voz embarga. Minhas melhores lembranças eu associo ao Colégio Nossa Senhora da Paz, onde estudei todos os anos da minha vida escolar. Foram tantas festas (junina, encerramento do ano, folclore, primavera, do livro...), festivais de poesias, painéis de dança, olimpaz... Quantas vezes eu fugi pro parquinho às escondidas pra relembrar meus 4 ou 5 anos... Foi difícil aceitar que cresci, que meu lugar não era mais ali.
                Lembro também do meu pai me acordando de manhã cedo, chamando pra ir à casa da minha avó em Araruama. Como eram gostosas as viagens de ônibus que  pareciam não ter fim... Lembro ainda que eu dormia na casa da minha tia nos natais, da Kombi escolar me deixando em casa todo dia, do pudim de leite que minha avó fazia (e ainda faz) pros churrascos da minha casa.
                Existem cenas da minha vida que gostaria que tivessem sido filmadas, só pra eu rir e chorar mais uma vez. Meus 19 anos me mostram um novo caminho a trilhar, e sei que muito do que eu vivo hoje eu vou lembrar com risos e lágrimas amanhã. E assim a vida continua.


Daniel Cobian
22/02/11

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Preposição


A música foi tocada e ninguém sabe
Ante os umbrais das janelas mais altas
Após ter te conhecido espero
Até que venha mais uma vez
Com trajes a rigor
Contra o tempo que todos falam
De fato não é tão simples assim
Desde então vivo cada minuto*
Em qualquer lugar onde esteja
Entre um sonho e outro
Para saber se é verdade então
Perante meus olhos estão as cores
Sem razão alguma
Sob as nuvens desenhadas
Sobre histórias encantadas
Que ficaram para trás


Lucas Macedo

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*Verso que, por falta de atenção minha, não estava incluído na primeira postagem.
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Este texto é do meu irmãozinho, Lucas, um poeta! Tive um trabalho pra conseguir autorização dele pra postar este texto, mas taí, rs! Leiam mais uma vez, atentamente, e apreciem!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pôr do sol no Arpoador

            

            Não tem jeito, a gente não tem poder pra decidir nossa vida. A gente faz planos, “cronometra” nossa mente, cria itinerários, alimenta expectativas... E de repente tudo muda. Um dia desses, eu, irmã e algumas amigas marcamos de ir ao Rio, numa louca vontade de assistirmos ao pôr do sol na pedra do Arpoador. Nossa, como ficamos empolgados...
            Marcamos. O dia tão esperado chegou, e o calor era quase insuportável. Nos encontramos em frente ao Theatro Municipal do Rio, por volta do meio dia, e seguimos para nosso almoço. Uma comidinha gostosinha, um frango empanado meio frio, um leve cheiro de banheiro (???) e a seqüência: uma garfada, uma risada, uma garfada, uma risada...
            Começamos nossa expedição pelas ruas do Centro do Rio, e como uma das meninas precisava comprar um óculos e uma bolsa, seguimos em direção à Saara. Meu Deus, que loucura foi aquilo... Acho que não houve uma loja sequer que não adentramos para olhar qualquer coisinha que fosse. Não seria bem mais fácil se as mulheres fossem direto ao ponto e comprassem somente aquilo que precisam, como fazem os homens? Mas agora já não adiantava mais, eu já estava no meio daquela mulherada, e o negócio era seguí-las onde fossem. Depois de andarmos de uma ponta à outra da Saara, pegamos o metrô em direção a Ipanema. Mas no final da tarde o sol começou a ficar tímido demais...
            Muitas risadas no metrô e descemos na estação General Osório. O tempo estava muito fechado, e eu não acreditando que havia me despencado até Ipanema para ver um temporal caindo. Não deu outra. Caiu o primeiro pingo, mas seguimos em direção à praia assim mesmo... A chuva foi apertando, e parecíamos nadar contra a maré, uma vez que todas as pessoas saiam às pressas da orla, enquanto nós caminhávamos avidamente para o calçadão. Agora não tinha mais jeito, caiu uma tempestade absurda e nós tentamos nos abrigar em um quiosque... Inútil. Queria ser louco o suficiente naquele momento para me lançar naquela chuva e me molhar por inteiro, como uma turista loira de olhos claros fazia naquele momento, mas minha racionalidade não me permitiu. Ela apenas sorria, amando aquela situação, e eu a olhava quase que com inveja... A gente não sabia se chorava de raiva por toda aquela chuva ou se ria daquela situação tão inusitada e inesperada... Em poucos minutos que ali permanecemos, vimos nossos planos de assistir ao pôr do sol no Arpoador irem por água abaixo, literalmente. Tanta vontade, tanta alegria de ir pra lá... Ainda estou um pouco indignado de ter ido à Zona Sul só pra levar a chuva. Mas não estava certo... Minha ira foi tão grande naquele momento que todos os meus outros problemas voltaram à minha mente, e eu só conseguia ficar de cara emburrada. Por que eu não ri daquela situação? Teria sido muito melhor olhar o copo meio cheio... Fazer o que? O sol não queria meus aplausos naquele dia. Voltamos pra casa cansados, molhados e com o nosso crespúsculo escondido atrás das nuvens...