quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(In)Tensa


Chamou-me para dançar
Aceitei seu convite
Começou singela
Conduziu-me sutil e lentamente
Nem percebia seu agir
Tão ínfima e inocente ela era
Aos poucos os passos se apressaram
A música tornou-se mais intensa
Comecei a perder o compasso
O que estava acontecendo?
A dança já não acompanhava o som
E eu já não a soltava
Ela abraçou-me, segurou-me
Apertou-me contra si
Parei de dançar
Ela assumiu o controle total
Passos frenéticos, desenfreados
A temperatura subiu
E eu só sentia frio
Queimando como uma chama
Lançou-me no leito
Embriagou-me
Como se já não existisse vida fora dali
Eu perdi minhas forças
Tentei lutar, mas ela me atou
Os dias eram frios
Ela sugou-lhes todo o calor só pra ela
E eu tremia
Dias na cama
E ela se vangloriava
Ria-se, dominava-me
Assim foi até cansar
Fadigou-se e foi embora
Eu, porém, continuei ali
Ela se foi, mas deixou suas marcas
Perguntei ao tempo até quando elas permaneceriam
Dono de si mesmo, não me respondeu
E eu aqui, tentando esquecê-la
Em um bilhete ela me escreveu:
“Uma única vez me basta
nunca mais nos veremos”
Nunca mais!

Daniel Cobian
08/10/10
Após nove dias de catapora.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Retrospectiva de vidas futuras



Nada acontece
Tudo está parado
Mas de súbito, de repente
Uma explosão!
Sinto algo pulsando dentro de mim
Moléculas de ar correm pelo meu corpo...
Mas... Está tudo escuro
Já é possível sentir o amor, a proteção
Pisquei meus pequenos olhos
Agora eu vejo o mundo
A areia da ampulheta já começou a escorrer
Estou rodeado de seres estranhos
Me observam, me tocam
Fazem caras desconhecidas
Às vezes até correm algumas lágrimas
Caio num sono profundo
Mas o que houve?
Cresci e não percebi!
Começo a dar meus primeiros passos para a  vida
Brinco, caio, choro, aprendo
Nasce um novo dia
Já é hora de tirar as rodinhas da bicicleta
Agora os sorrisos que me rodeavam
São substituídos por algumas broncas
Já sei juntar as sílabas
Somar o amor
Multiplicar os nãos
O mundo está mudando
Tudo parece tão pequeno agora
Fui contaminado com a maldade humana
Cessaram os carinhos de antigamente
Observo a vida em volta de mim
E só vejo interrogações,
Dúvidas
Quero contestar, gritar...
Festejo meus amigos
Sinto pela primeira vez o calor de um beijo!
Meu corpo está mudando
Meu rosto, agora, só sente lágrimas escorrendo,
Escorrendo como as areias da ampulheta
Já é meio-dia
Sou responsável por mim
Começo a colher meus frutos
Pago as taxas da vida
Se desprendem pedaços de mim
Torno-me um irônico espelho,
Agora eu ensino
Vejo minha obra se desenvolver
Repasso o amor, o sim, o não
Supero e ensino a superar as perdas,
E, a cada dia, aprendo ensinando...
O segundo tempo do jogo está acabando
Não existem acréscimos
Sei que fiz minha parte
Já estou pronto para a substituição.



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Essa poesia eu fiz quando tinha 15 anos, em 2007, enquanto assistia ao clipe de "Aquarela", de Toquinho. Me rendeu o primeiro lugar no festival de poesia da escola!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Desabafo inicial... (Parte 2-final)

             Eu estou “de saco cheio”! Na boa, estou sentindo uma vontade louca de parar tudo e... Respirar! Uma vez eu li o texto de uma sábia pessoa que disse estar se sentindo em um barzinho cristão, tocando um violão (que ela não sabia tocar realmente), sentada ao lado de Cristo, que tocava uma gaita. Senti uma vontade incontrolável de entrar nesse barzinho e me juntar a eles na percussão (que, por sinal, também não tenho a mínima ideia de como tocar). Ai, eu quero largar todas as leis, códigos e seus artigos e incisos, largar toda teoria, toda lógica, só para ter mais tempo para devaneios. Pelo menos por enquanto. PRECISO! Você me entende? Posso até estar parecendo um louco, um idiota nesse momento, mas desculpe, eu preciso extravasar e externar algo que talvez nunca ninguém tenha imaginado que existisse em meu interior. Não, eu não preciso de conselhos ou jargões, só quero mesmo extravasar. Se por acaso não rolar o barzinho que eu disse ali encima, me contento com uma praia. Ah, mas não vale qualquer uma. Eu quero uma praia deserta, sem ter NINGUÉM que me lembre das minhas atividades pendentes. Quero um céu azul, um mar com ondas, mas sem ressacas, um sol de 4h da tarde, uma brisa muito suave no meu rosto. Quero admirar, contemplar e ouvir a voz de Deus sentado ao meu lado. Quero ver o sol começar a se por. Relaxar, respirar, sentir. [Pausa]. É, preciso mesmo disso.
            Não estou reclamando da minha vida, nem estou insatisfeito com ela, só me sinto mal por não saber utilizá-la de uma maneira extremamente aproveitável. Acho que às vezes me esqueço da vida em abundância que Deus quer me dar...
            Sabe uma coisa que me irrita profundamente? Ok, reconheço que me irritar não é a coisa mais difícil de se fazer, mas ignoro isso nesse momento. Mas, sério, me irrita o fato de eu sempre ajudar a muitas pessoas, mas não me permitir ser ajudado por elas. Não que eu não confie nelas, não é isso, a questão é que os meus problemas só me atropelam quando estou sozinho, longe de todos. Quando me junto com meus amigos parece que todas as minhas preocupações evaporam, e quando me perguntam como estou, só consigo dizer que estou bem, porque de fato assim me sinto naquele momento. Sempre assim. Sinto falta de chorar no ombro de alguém de vez em quando. Seria muito interessante se eu tivesse alguém que estivesse disponível a mim 24h por dia, alguém para quem eu pudesse correr naqueles momentos em que meus monstros saem de debaixo da cama. Antes mesmo de eu escrever essa frase, porém, me lembrei que esse alguém existe: Deus! É sempre no ombro dEle que eu choro, e se depois fica tudo bem, o que tem acontecido todas as vezes, é sinal de que Ele realmente é O Cara! Não há como negar, Ele é o meu melhor amigo, fato! De forma alguma estou desprezando meus amigos terrenos, não seria a mesma pessoa sem eles, que tanto me abençoam, mas eles também têm suas vidas e suas preocupações, o mundo não gira em torno de mim.
            Tudo bem, já estou me sentindo melhor, mas ainda quero minha praia. Quero mesmo esquecer o futuro e abandonar o passado, viver o que de melhor eu posso hoje. Assim é melhor, tem que ser. Quero pisar nas areias brancas e finas, mais brisas no meu rosto, cabelos ao vento, aromas suaves e doces de paz, muita paz. E quanto ao mais... ah, todas as outras coisas me serão acrescentadas. E é só. Por enquanto.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desabafo inicial... (Parte 1)



Olá! Nunca tinha considerado pra valer a ideia de um dia criar um blog, mas resolvi repensar a hipótese, e deu nisso aqui, rs! Achei que poderia ser interessante ter um espaço para expôr os meus pensamentos, minhas reclamações, minhas reflexões, meus devaneios.

Para começar, posto este texto, escrito em uma madrugada quente e sozinha, imersa de preocupações e cansaços de vários dias hiper movimentados. A todos, boas vindas!



Parar, olhar, escutar
           
“Hoje eu vou rasgar a cortina do meu quarto só pra ver o sol de manhã...”

            Alguém já se sentiu como se algo o estivesse sufocando, apertando, como se estivesse dentro de um quarto cujas paredes se movem para dentro e tornam tudo um pequeno cubo? Olha, eu te entendo. Eu não sei explicar o motivo, não sei dizer como, o que acontece, mas te entendo. É o que eu sinto. E é sempre assim, a gente só entende realmente aquilo que sente na própria pele, não adianta explicar pra ninguém. O mais estranho disso tudo é que não há motivos que sejam fortes o suficiente para que tudo pareça tão... Tão... Estranho? Nem sei se essa é a palavra certa, mas foi a primeira que me ocorreu. Minha vida não é movimentada como a daquelas pessoas que trabalham o dia inteiro com um chefe incompreensivo e arrogante berrando em seus ouvidos, fazem faculdades ou cursos à noite e nos finais de semana ainda têm que limpar a casa. Conheço pessoas assim que lidam com suas vidas da forma mais tranqüila possível, e tiram de letra. Mas por que eu não consigo? O que há de errado comigo?
            Sinto como se meu dia precisasse de 30 horas. Já tem algumas semanas que sinto que algo flui dentro de mim, quase que implorando pra que eu pegue uma caneta e comece a escrever num papel tudo o que estou sentindo. Não tive tempo. Sabe quando bate uma inspiração que você não pode deixar passar de jeito nenhum, que não pode perder tempo porque sabe que, caso não a utilize, ela simplesmente some? Pois é, eu a ignorei, e ela se foi. Me senti mal, mas não tive outra opção, ou eu externava minha inspiração ou eu cuidava da minha vida e dos meus compromissos. Espere aí, agora que eu escrevi, reparei que eu tive sim uma segunda opção. É, tive, não nego, mas escolhi cuidar da minha vida e dos compromissos que eu assumi. Sabe, tem horas que me bate um desespero, quando lembro das coisas que ainda preciso fazer e não tenho disposição para tais. Desespero maior me bate quando comparo minha vida com a daquelas pessoas que eu disse ali encima, que tem uma vida infinitamente mais movimentada que a minha e que conseguem lidar com tudo isso maravilhosamente bem, e eu não. Ai meu Deus... Não é muito desespero para uma pessoa apenas? Ai, o futuro... Ele nem chegou e já me assusta. Penso “se hoje, tendo 18 anos e apenas fazendo faculdade e tendo compromissos na igreja me sinto desse jeito, o que será de mim quando eu começar a estagiar, trabalhar ou sei lá mais o que?”, e não encontro resposta a essa indagação. Tenso!
           

Continua...