sábado, 23 de fevereiro de 2013

NEM SEMPRE HÁ FLORES



Não me peça explicações
Não dependo da razão
Escrevo o que sinto
Escrevo o que penso
Escrevo o que vivo
Também do que não vivo, penso e sinto
Faço minha caneta rolar
Não me prendo nas pautas
Na folha em branco me faço livre
Rabiscando da minha vida ou alheia
Porque os sonhos do poeta
Se fazem num papel
E seu pecado supremo é o silêncio
Não te presto conta
Talvez eu seja mal criado
Quando deixo a caneta solar
Mas sou poeta
Não me peça explicações

Daniel Cobian
23/02/2013

ME CONTENTO


Do esperar pouco se tem...
Se quanto mais desejo de ti
Menos te tenho em mim
De que me adianta ansiar?
Mera tolice
Já me fartei de suas palavras
Mas apenas quando você as quis dizer
Superando seu medo de pecar no que diz
Nunca no meu tempo
Das suas poesias provei
Mas de apenas uma fui digno
E, mesmo assim, algo ainda faltou
Felicito aquele que de você sugou essência
Que a mim não foi dado conhecer
Logo eu, que sempre quis ser o primeiro
De meio século jurado
Alguns anos já morreram
Mas ainda resta um amanhã que não vejo
E já nem fomento esperanças, ilusões
Conheço seus limites
E foi por tentar quebra-los
Que sangrei a minha carne
Ainda estou ao seu lado, prometi
Mas já não cobro, não sofro
Não espero

Daniel Cobian
22/02/2013

________________________________

Sem foto, sem epígrafe, sem dedicatória. Só restam as palavras. Me contento com elas.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A GUERRA QUE SOU




“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.”
Romanos 7:15

No momento em que me vi, desgostei
Em confusões e incertezas habito
Desvanece minha alma em algumas sombras
Sombras que nem sempre são
Não porque elas deixem de existir 
Mas porque morrem esquecidas
Fênix no meu peito
Ao dia sorrio amando
À noite choro detestando
Tudo o que (não) sou
Tudo o que (não) tenho
Maldito sentir
Por que sinto o que não quero?
Inimigo de mim
Sinto minha mente como trincheiras
De uma guerra nada santa
Desejo-te como ferro imantado
Odeio-te como fogo que derrete e congela
Pelo ar que me sustenta, por favor, saia de mim!
Encerre-se a batalha
Voltem os soldados para os seus, aos seus lugares
Me leve daqui
Me liberte de mim

Daniel Cobian
12/02/2013