terça-feira, 31 de maio de 2011

O Palhaço

               
                Mais um espetáculo terminara e o palhaço a seguir para a coxia. Um grande sucesso! Todos os dias de sua vida eram fazer rir aqueles que o viam, adultos ou crianças. Piruetas, cambalhotas, pulos e luzes com fumaça ao som de muitas risadas e  aplausos! Mal sabe o seu público que suas lágrimas não são falsas.
                Em seu camarim o palhaço põe sua máscara, faz sua maquiagem, troca sua roupa e espalha sorrisos diante de todos! Em seu camarim o palhaço põe sua máscara e cobre seu rosto triste, faz sua maquiagem e esconde as marcas de seu passado, troca sua roupa e troca de vida, espalha sorrisos diante de todos e junta as lágrimas dentro de si... Por trás das cortinas, solitário, ele fita a bailarina que rodopia em torno de si, admira-a como se ela emitisse luz própria. A cada passo um suspiro, a cada pulo uma lágrima por aquela que dança a vida, que roubou seu coração, mas que não intenciona devolvê-lo.
                A cada dia o palhaço solitário respira fundo, engole em seco e sobe ao picadeiro para mostrar sua alegria, mas seus olhos são tristes. A flor que carrega em seu peito é pra disfarçar seu coração murcho. Pobre palhaço... Por mais que se esconda dentro de si, suas bolas de sabão refletem sua dor, mas só ele enxerga. Aplausos e bis! Ele conta uma piada. Aplausos e bis! Ele pula, cai e finge de morto. Aplausos e gritos! Seu show terminou. Suas costelas definham, sua pele repuxa, seu suor é frio. O pobre palhaço desce do picadeiro, entra em sua clausura, tira sua máscara... e chora.


Daniel Cobian

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cartas de um alforje


Lá de longe vem o moço
Moço antigo de mensagem
Percorre as ruas todas suas
Só que sempre de passagem
Sempre vejo um desejo muito intenso
De receber aquilo que penso ser seu
Uma folha, simples folha riscada
De tinta, de tinteiro rabiscada
De sentimento derramado em fim
Então espero a poesia sendo assim
Chama o moço que la vem
Trazendo a carta de outrem
Traz pra mim, quem dera eu tenha sorte
Que seja sua a carta do alforje


Lucas Macedo

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Meu irmãozinho, mais uma vez mandando ver! Um verdadeiro poeta!