quinta-feira, 7 de março de 2013

NO FRONTE



Um guerreiro não pode vencer suas batalhas sem antes se preparar. Alguns precisam treinar mais do que os outros. É bem verdade também que muitas são as vezes em que o guerreiro sabe o que deve fazer naquela confronto, mas por motivos que ele nem mesmo sabe explicar tudo dá errado. Nos tempos antigos era uma espadada que se levava, que poderia lhe custar a vida. Na época das Grandes Guerras eram tiros, ou bombas biológicas, que também poderiam ceifar o fôlego de vida daqueles que cometessem mínimos erros. Hoje não. Hoje são batalhas diárias, que começam quando pisamos os pés na rua, prontos pra viver mais um (in)tenso dia de adulto.
                Tragédias, catástrofes, sofrimentos, males e afins são situações que não explicamos, elas não escolhem pessoas ou lugares, simplesmente acontecem. Saímos de casa com a expectativa de viver um bom dia, mas não sabemos de fato se tornaremos ao lar. Choramos, talvez. Outros se calam, se enclausuram. As pessoas têm formas diferentes de lidar com as diferentes situações. Verdadeiramente não é fácil suportar todas as afrontas que recebemos no dia-a-dia, todos os tapas que levamos na cara em momentos que a gente menos esperava, todas as palavras de maldição que pessoas afetadas lançam sobre nossas vidas. Mas não tem jeito, isso é a vida, e ninguém nunca nos enganou dizendo que seria fácil.
 Muitas vezes passei por situações que não compreendi, mas diante delas me vinha à mente tantas outras dificuldades que muitas pessoas passam, dificuldades essas que eu nunca passei, e isso me fazia pensar o quanto eu reclamo da minha vida sem ter na verdade grandes motivos pra isso. Mas até esse meu último pensamento pode ser contestado. Já cheguei ao entendimento que muito do que penso e sinto não tem nada a ver com a minha racionalidade, com a minha consciência. Não me culpo pelo que sinto, afinal, sentimentos ninguém controla. A maior das batalhas, então, torna-se aquela de não se permitir enganar por seus próprios sentimentos e desejos, não deixar que eles te escravizem e te façam acreditar que você é aquela pessoa que seus pensamentos dizem que você é. Ilusão. Mentira. Essa lição eu já aprendi, e hoje sei que minhas emoções, por mais que tentem, não poderão me controlar e determinar o que sou ou o que faço. Tudo isso porque aceitei a minha natureza humana, pecadora e decaída. Respeito essa natureza. Mas não me iludo com ela.
Um guerreiro não pode se deixar abater. Ele foi criado pra enfrentar grandes confrontos, sofrer muitos ferimentos, as vezes até alguns mais graves, profundos, mas acima de tudo o guerreiro foi criado pra viver grandes vitórias em suas batalhas. Obviamente vai chegar a hora de sua morte, mas esse sim, é um fato incontestável. Ele só morre quando de fato chega a sua hora. Mas isso é outra história. Não é porque anoiteceu ou o tempo ficou tão escuro de nuvens carregadas que eu vou deixar de acreditar que o Sol continua a brilhar em algum lugar, e que logo logo ele voltará pra cá. Colecionando derrotas o guerreiro endurece as suas fragilidades e aprende a conter as suas lágrimas, pra soltá-las nos momentos certos. Geralmente, no tempo da derrota, nos tempos mais difíceis de sua vida, o guerreiro está sozinho, e por mais que clame por socorro, por mais que grite por nomes que já lhe estenderam as mãos, não é atendido. Tratamento. Incompreensível tratamento. Mas o abraço tão sonhado surge em algum momento. E dessa forma ele se torna um homem maduro e forte.
Não existe (e nunca existirá) vitória sem lutas. Mas, como disse, o Sol vai continuar brilhando, e em algum momento dará o ar de sua graça. Acima de tudo, de toda tristeza, dor, raiva, ira, inveja, sangue, lágrima, inconformidade, derrota e o que mais vier pela frente, haverá um General. Aquele que sempre comandou e sempre comandará todas as guerras, todas as batalhas, saindo à frente. Sim, o Deus que é a única companhia do guerreiro que luta e chora na solidão, mas que, mesmo esquecendo disso, não está sozinho de fato. E quem for crédulo o suficiente sempre saberá que o Sol vai lançar seus raios de luz outra vez. A vida continua.

Daniel Cobian
07/03/2013
Após mais uma batalha.

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