quarta-feira, 6 de abril de 2011

Amor em quatro estações

No início era quente
Queimava como fogo
Dançava forte como labaredas
Evaporava como suor
De gotas ao vapor
Na bravura de tempestades e raios


Depois se acalmou
Viu algumas folhas caírem
Permitiu-se amenizar, tranquilizou-se
Tomou consciência de si
Mas viu tardes de um azul maravilhoso


Então a razão sobressaiu
Sentiu ventos gelados
Envaideceu-se, irou-se
Seu sol brilhou menos, aqueceu menos
Mas persistiu e não morreu

Já em sua última idade, tudo se renovou
Viu suas flores desabrocharem
Sentiu o calor natural
Regou seus jardins com paciência e alegria
Deitou na relva, sentiu a brisa, e dormiu


Daniel Cobian


2 comentários:

  1. Sr. Cobian,
    O modo como vê o tempo passar não é muito diferente do que dizem as outras pessoas.
    Mas espero sinceramente que um sentimento maduro,não se acomode com a troca de estacões. No verão há chuvas torrenciais e ao longo de todas as gotas o calor prevalece. E o inverno não é necessariamente rigoroso, na geada as pessoas se dão as mãos, aproximam seus corpos e podem passar horas conhecendo umas as outras enquanto a neve continua a cair...
    As estacões são sempre boas e favoráveis ao amor.
    Depende do ponto de vista da cada um.

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  2. Amor também devo dizer que você continua escrevendo muito bem. Este texto foi bastante criativo.
    Além disso, quando estivermos velhinhos vou lembrar bem do seu último verso.
    Lembrar e torcer para que possamos deitar na relva, sentir a brisa e dormir juntos pra sempre...

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